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Todos no agro – produtores, financiadores, seguradores – estão apreensivos com o atraso que está acontecendo na safra 2019/20 por conta do clima. Além do impacto óbvio na própria safra de 2019/20, o atraso da safra-verão leva tem um efeito de cauda funesto – o atraso na safrinha de 2020, que pode levar à maior exposição climática.

Conceder crédito e cobrar em uma safra abundante é fácil – porém, como navegar agora com o mar mais turbulento e com a perspectiva de problemas no recebimento da safra?

Neste artigo, quero falar um pouco das consequências desse atraso – se ele é tão preocupante quanto parece e dar alguns exemplos de como a tecnologia ajuda o financiador a trabalhar nesse cenário de estresse.


O atraso de 2019/20

Atualmente, o plantio da soja no Brasil atingiu a marca de 46,9% da área total. Mesmo sendo um avanço considerável desde a semana passada, ainda é 12,4% menor que o da mesma data na safra do ano passado.

A instabilidade do clima no segundo semestre de 2019, com chuvas excessivas na região Centro-Oeste do Brasil, enquanto há estiagem no Cone-Sul da América Latina, fizeram com que o timing usual da semeadura fosse inapropriado.

Quem acreditou nas previsão de chuvas mais volumosas já pagou com o replantio, que tem impacto direto na rentabilidade do produtor e, em última análise, na inadimplência ao final da safra. A cidade de Assis Chateaubriand, no Paraná, por exemplo, já replantou 30% das áreas de soja, perdendo uma boa janela de cultivo para a oleaginosa. A estimativa do Sindicato Rural da cidade é de que haja 30% de perda na produtividade. Nesse caso ainda, com a semeadura do milho da safrinha jogada para depois de 25 de fevereiro, a estimativa é de até 40% de perda de produção, referente ao que teríamos com o plantio safrinha em janeiro.

O atraso do início do plantio da safra 2019/20, consequentemente, está adiando também o início da próxima safrinha, que pode ser ainda mais prejudicada. Naturalmente, na safrinha, quanto antes for possível o plantio, maior é a produtividade potencial e menor é a exposição a eventos extremos, como geadas e granizo.

O atraso da safra verão é uma bola de neve:

  1. menor rentabilidade do produtor devido ao replantio e ao desperdício dos insumos antes investidos;
  2. menor produtividade da lavoura na safra verão 2019/20;
  3. atraso do plantio da safrinha, com consequente menor produtividade da safrinha 2020;
  4. maior exposição a eventos climáticos na safrinha 2020.

Se impacta o produtor – o alicerce do nosso agro – impacta todo o restante da cadeia e leva a um período de recebimento mais conturbado no final da safra. Do ponto de vista do credor, podemos esperar para essa safra:

  1. atraso nos recebimentos – se o plantio atrasou, a colheita fatalmente atrasará, afetando os pagamentos e o fluxo de caixa dos credores;
  2. maior taxa de inadimplência – menos grão produzido, menos grão para honrar os compromissos e, em casos extremos, sem grão suficiente para honrar todos os compromissos assumidos no começo da safra.
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No que a tecnologia ajuda a cadeia do agro

Unindo o ponto negativo do atraso de safra junto com o positivo de que a soja deve ter um volume de grãos maior, o financiador que estiver munido de informações conseguirá manobrar melhor no cenário de estresse – qualquer um concede crédito e cobra em um ano de boa safra, mas o cenário de estresse atual é aquele no qual o bom profissional tem a oportunidade de se destacar.

Esse é o papel da tecnologia: empoderar o financiador do agro para que ele não trabalhe apenas com notícias, previsões e dados macroscópicos de Estados ou municípios, mas que possa comprovar qual a dimensão do atraso e como ele impacta o seu negócio. É separar especulação de fatos através de dados sólidos e isentos.

Além disso, é importante considerar que somente com a tecnologia é possível especificar comportamentos e previsões em nível microrregional. A previsão de produtividade, ou mesmo de clima, para o Estado do Mato Grosso, por exemplo, é muito abrangente. A cidade do Alto Taquari, no extremo leste do Estado, fica a 1.607 km de Colniza, no extremo oeste.

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Você, financiador: saber antes para receber primeiro

Invariavelmente, me perguntam como resolvemos o problema de uma lavoura na qual não choveu. Não resolvemos o problema da lavoura – se não choveu, haverá menos grão. Porém, resolvemos o problema do credor: sabendo que haverá menos grão, ele pode antecipar o recebimento com desconto, ao invés de entrar na fila de credores e receber ao longo de diversos anos.

Nossa experiência tem mostrado que receber no final da safra não é uma questão de quem tem a hipoteca de primeiro grau, mas de quem está mais próximo da terra do produtor e entende o que está acontecendo na safra. O agro só é arriscado para quem fica torcendo para receber na data de vencimento do título; nosso histórico mostra que receber é uma questão de ação, mesmo em cenários de estresse.

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Riscos climáticos são intrínsecos à agricultura e atingem toda a cadeia. Em cenários de estresse, receber é uma questão de ação e informação, não de renegociar uma dívida por vários anos.

Muitas vezes, as informações disponíveis publicamente, apesar de válidas, não representam a realidade específica do seu produtor. Mais do que entender como o clima afeta os números do agronegócio no Brasil, para se ter segurança, é preciso saber como o clima local afeta a fazenda do seu produtor.

No final dessa safra – e na próxima safrinha – podemos ter um cenário de estresse e alguém pode ficar sem receber; antecipe-se, aja, e não será você.

 

Por: João Paulo Torres
CEO @ TerraMagna | Agribusiness Credit | Collateral Management | Collection
fonte: https://www.linkedin.com/pulse/consequ%C3%AAncias-do-atraso-da-safra-201920-jo%C3%A3o-paulo-torres/
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